Conheça o caminho de Angela Leite na obra Andorinhas Migrantes da Serra de Baturité

terça-feira 11 de Janeiro de 2022, por Angela Leite
palavras-chave: andorinhas; carnaúba; desenho; rachel de queiroz; serra de baturité

“Uma cadeia de encontros, boas notícias e coincidências” é como Angela Leite resume a história por trás de seu novo desenho, Andorinhas Migrantes da Serra de Baturité.

Convidada por Altina Felício para uma exposição coletiva no Memorial da América Latina que tinha como mote o diálogo com uma criação de escritora ou escritor brasileiro, ela escolheu Andira, livro de Rachel de Queiroz para crianças.

Nele, a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras inventa a vida de uma andorinha deixada para trás pela mãe, pois demora a sair do ovo, e que assim perde a migração do seu bando. É, então, adotada pelos morcegos da capela onde nasceu, e cresce “morcegando”.

Quando as andorinhas voltam, a mãe a reconhece e, enquanto as duas lidam com essa história doída, a protagonista vai aprender a se comportar como uma de sua espécie.

Rachel de Queiroz passava parte do ano na fazenda Não me Deixe, em Quixadá, próximo da Serra de Baturité, um dos lugares de maior biodiversidade no Nordeste, com boa extensão de vegetação preservada.

Angela descobriu então uma pesquisa que falava das andorinhas dessa serra – quatro espécies.

Imaginou uma pequena migração delas entre uma capela onde esses pássaros fazem ninho e uma mata com carnaúbas, palmeira típica da região. Contatou o intelectual Antonio Novaes, que disse ter visto muitas delas no Seminário Jesuíta de Baturité.

Bergson Frota, saudoso cronista cearense, comenta a chegada das Andorinhas em Ipueiras, onde preferem fazer seus ninhos na Igreja-matriz e não nas Carnaúbas plantadas nas avenidas da cidade. Na região, está a Capela de Nossa Senhora da Assunção, uma das mais antigas do Ceará, em Itans, zona rural de Itapiúna.

Como exercício de criação, Angela imaginou que as avezinhas migratórias fizessem uma escala nos carnaubais da zona rural e aproveitassem a água pura dos rios dali.

Por mais uma coincidência, a capela – que a encantou – havia sido restaurada há poucos anos. A artista imaginou que as portas e janelas seriam de uma madeira resistente e muito valorizada no Nordeste, chamada violete (em referência a sua cor interna).

Da comunhão de todos esses elementos da cultura, paisagem e realidade do Ceará, nasceu a obra “Andorinhas Migrantes da Serra de Baturité (2021)” que pode ser conferida aqui no blog ou no site da artista: http://angelaleite.com.br/obra_detalhe.php?id=253, onde mais informações sobre o desenho estão disponíveis.

 




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